Thursday, April 21, 2011

Faça o que eu digo, mas não compre o que eu compro...

Também conhecido como mimimi, choradeira, birra... é como eu percebo as pessoas que reclamam de alguma coisa, mas auxiliam na manutenção da sua continuidade.

É assim com todo tipo de coisa, da saúde à educação; mas, principalmente, na questão econômica. Não exatamente com dinheiro em si, mas com relação aos produtos que lhe oferecem.
É notória a chiadeira em torno da indústria de alimentação não oferecer comida saudável e enganar as pessoas quanto às informações nutricionais dos seus produtos, certo?


...certo?


Errado!

Empresas oferecem o que o público deseja e aceita. Não fosse desejado e aceito eles não produziriam. Quem caralhos pretende fazer uma fábrica com máquinas que custam milhares de reais gastando energia dia e noite pra produzir algo que vai ficar largado em algum armazém (cujo aluguel é caro) porque ninguém quer comprar?
Existem empresas que cometem crimes, claro. São sonegação de impostos e suborno de fiscais, em sua maioria, mas mesmo quando existem, os tais oficiais subornados não são os que fiscalizam a qualidade da produção ou qualquer coisa do gênero. A linha de produção têm que funcionar senão eles perdem dinheiro, e a qualidade da comida têm que ser aceitável dentro dos padrões de saúde porque ninguém quer gente no hospital ao invés de comendo o que eles produzem. Dentre tantas outras coisas que me dá até preguiça de apresentar, tão numerosas que são; então vou deixar para editar depois.
Não sei se notou, mas a palavra chave aqui é Dinheiro, não Opinião. Empresas apreciam a sua opinião do que você deseja dos produtos deles, ou do que você acha que não é tão atraente nos produtos deles para que eles os tornem mais atraentes e consequentemente mais vendáveis. No entanto, empresas estão pouco se fodendo pra sua opinião crítica sobre a ética ou a qualidade dos seus produtos; e vão continuar pouco se fodendo pra você enquanto você realizar passeatas contra o uso abusivo de açúcar e carboidratos, mas comprar coca-cola pra festinha do seu filho.


Como alguém se deu ao trabalho de comentar algo interessante resolvi editar:

Não é que as empresas apresentem às pessoas ilusões de que você precisa de algo para que então você compre a falsa solução que eles vendem. É algo que eles aprenderam, e muito bem, com os velhos golpistas de atigamente que vendiam remédios de efeito duvidoso e monumentos públicos. Ninguém convencia as pessoas de que elas precisavam de remédio pra calvície ou da Ponte do Brooklin, mas eles sabiam que os carecas queriam seus cabelos de volta e que gente oportunista adoraria ter posse de um imóvel que pudesse vir a ter alto valor de revenda. Eles sabem o que você deseja - pesquisas de opinião e coleta de dados do Facebook estão aí pra isso (ou você acha que o facebook faz dinheiro mostrando anúncios aleatóriamente?) - e vendem pra você a ilusão de solução. Eles vendem porque sabem que as pessoas vivem sob a ilusão de que precisam de algo, não porque criaram um mundo ilusório pra fazer você achar que precisa. A diferença é que ao longo do tempo eles descobriram quais tipos de ilusões são mais comuns a um maior número de pessoas, e passaram a se focar nelas. As pessoas fazem o que funciona, se não funcionasse ninguém faria. Ironicamente isso gera o efeito colateral de que, quando muda a dinâmica social e o processo pára de ter o efeito que tinha, as pessoas continuam tentando na esperança de que volte a funcionar como funcionava.

Algumas pessoas geniais, realistas e honestas (talvez o mais importante atributo nessa questão) ao longo do tempo realmente inventaram soluções pra problemas práticos; mas depois obviamente alguém "melhorou" a solução com algumas "soluções adicionais"; algumas de uso duvidoso, outras de uso tão limitado que se fosse apenas aquela função você nunca consideraria comprar o produto e outras com o único objetivo de melhorar seu status social ("fazer inveja", é um bom eufemismo pra quem não entende o significado do termo).

Não existe uma Organização Illuminati tentando manter você burro e desinformado para controlar o mundo em segredo. As pessoas querem "se dar bem" e "tirar o deles da reta" quando as coisas dão errado. São esses dois objetivos, junto da inclinação natural das pessoas pra se iludir, que criam segredos de Estado e ilusões comerciais que vendem tão bem.

E uma pequena correção: as empresas se importam sim, com a sua opinião ética sobre o produto delas, mas apenas para poder vender junto depois a ilusão de ética que a maior parte das pessoas procura para aumentar a margem de lucros.

1 comment:

  1. Hum, camarada, nem sempre as empresas oferecem o que o público deseja, ou melhor, em, não receio exagerar dizendo 90% da vezes, empresas criam falsar ilusões no público convencendo-os de que precisam de algo que não precisam mesmo, e por causa da inveja, só porque o vizinho aparece com uma camisas com lantejoulas que não têm função nenhuma, já estamos a correr para comprar uma com umas duas lantejoulas a mais, para podermos mostrar-lhe que temos mais. E a partir daqui, sim eu concordaria que as empresas oferecem o que os estúpidos, quer dizer, público, desejam.

    ReplyDelete